Órfãs da rainha

05/06/2018

Órfãs da Rainha era a denominação conferida às mulheres portuguesas enviadas pelo rei para as colônias de Portugal a fim de que elas aí se casassem. Em sua grande maioria, eram descendentes da pequena nobreza que estavam presentes nas invasões do além-mar; mas com a morte dos pais, as moças eram recolhidas em conventos ou casas de famílias de onde saíam para conseguir matrimônio. Como dote, as moças levavam aos futuros maridos a promessa de um cargo público na administração colonial portuguesa. Não admira que o casamento se apresentasse como uma necessidade imperiosa na vida da mulher portuguesa, tão logo surgissem os primeiros sinais da puberdade. Ser mulher solteira, ou por outra, mulher sem marido, era sinônimo de desprezo social, resvalando nas fronteiras da prostituição.

No lugar ocupado pela mulher da elite na rígida sociedade portuguesa, o ato de se casar representava uma garantia de respeitabilidade. Se pelo lado da vida privada, o casamento legítimo, sacramentado pela Igreja e reconhecido pela sociedade, cumpria o propósito de proteger as mulheres da elite contra o preconceito, assim como lhes oferecia a alternativa de acesso ao usufruto do patrimônio de seus maridos, do ponto de vista da política, a ideia de se promover a colonização do Brasil com mulheres brancas apresentava vantagens reconhecidas pelos contemporâneos.

A principal delas era a de se constituírem, com os casamentos, descendências legítimas, diga-se, de famílias brancas, para ocupar o território e preencher o complexo sistemas de de cargos na administração colonial. Assim, no ano de 1551 desembarcou na Bahia a primeira leva de jovens órfãs de que se tem registro. Chegaram do reino para se casar no Brasil as órfãs Mécia Lobo de Mendonça, Joana Barbosa Lobo e Marta de Sousa Lobo, três irmãs, filhas de um nobre que havia morrido na conquista das Índias.

Entre 1553 e 1558, novas levas de órfãs chegaram à Bahia, recomendadas para se casarem com "homens de bem" locais.

Ao todo, têm se notícia da vinda de 18 mulheres órfãs para o Brasil, das quais temos conhecimento do nome e paradeiro de quinze: Apolônia de Góis, Ana de Paiva, Catarina de Almeida, Catarina Fróis, Catarina Lobo, Clemência Dória, Damiana de Góis, Inês da Silva, Jerônima de Góis, Maria Barbosa, Maria de Reboredo, Violante de Eça, e as três irmãs acima citadas. Essas mulheres formaram a base de linhagens de famílias do Nordeste colonial, algumas das quais mantiveram influência social por longo tempo.

Bibliografia:

SCHUMAHER, Maria Aparecida; BRAZIL, Érico Teixeira Vital. Dicionário Mulheres do Brasil de 1500 até atualidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

Contato: vivianedmoreira@hotmail.com 
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